quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A vida é feita de escolhas...








Eu escolho a roupa que vou sair de casa, ou até mesmo a que vou ficar em casa. Escolho presentes para minha família, para meu marido, para mim mesma. Escolho a cor do carro, escolho a melhor forma de pagar...

Escolho a minha carreira, escolho a profissão que terei para o resto da minha vida.  Escolho onde eu quero gastar meu dinheiro.

Pq então eu não tenho direito de escolher se quero ter um filho ou não? Nesse caso, eu escolhi que não quero filhos. E sou criticada por isso.

As pessoas parecem que não estão preparadas para lidar com escolhas diferentes das delas. Acham que a sua própria escolha deve se estender a todos, incrível alguém não pensar como elas. Isso está errado, não pode.

“Vc tem algum problema?”, perguntado ou muitas vezes afirmado. Tenho sim, sabe o que é? Eu tenho uma casa em tal cidade, que quero vender, mas até agora ninguém se interessou, sabia? Ahh e sabe fulana lá do meu serviço?

“Não, não, vc tem algum problema para engravidar?”. Errr... não, não tenho.

“Então vc não gosta de crianças”, olhando para mim com aquela cara de sou um monstro torturador de criancinhas indefesas. Bom, não, eu até gosto de crianças, mas não quero uma para mim...

E a pessoa se afasta, como se eu fosse uma assassina cruel. E em série. De crianças. Inclusive de bebês.

Não sei qual a razão das pessoas acharem que podem influenciar na escolha dos outros. Se os filhos fizeram bem a elas, ótimo. Mas filho não é como um remédio, que faz bem para um, então pode fazer bem para mim também. Filho é muito mais sério que isso. E não é garantia de nada.

A questão nem é ter direito ou não, é a invasão. “Mas todo mundo tem”. Tudo bem, todo mundo tem braços também, algumas pessoas não têm, pq não vão encher o saco de alguém que não tem braços? “Olha, ter braços é muito bom”. Isso soa cruel, não soa? Ou então, pq não vão encher o saco de alguém que não tem carro? “Ahh, mas carro é bem material”. E filho? Não é gerado muitas vezes por pedidos de terceiros, ou para agradar alguém (família, marido, esposa, sociedade), ou para se vingar de alguém, ou para cuidar na velhice, ou para doar um órgão (sim, isso já foi falado), ou para não se sentir sozinho, ou pq filhos nos tornam pessoas melhores...

Pq nos tornam pessoas melhores... Um filho não terá essa capacidade. Quem não presta, não melhora por conta de um filho; reportagens sobre pais que matam seus próprios filhos pipocam em jornais e TVs. Aliás, qualquer uma dessas razões para ter filhos é um ato de egoísmo. É jogar um fardo sobre o ser humano que ainda nem nasceu, é delegar uma responsabilidade que não se sabe se aquele ser vai querer arcar com ela.

Deixem-me escolher. Deixem-me em paz com minhas escolhas. Mesmo pq, se EU escolher, ninguém vai vir perguntar se eu preciso de algo. Ninguém vai me ajudar, pq depois que a pessoa escolhe que vai ter filho, aí é problema só dela. “Abriu as pernas pra que? Se vc não queria, era só evitar!”. Mas KCT, EU NÃO QUERIA!

Depois que se escolhe TER um filho, não tem mais volta. E se vc decide que NÃO vai ter, ninguém acredita. Ou então, acha que vc é um monstro. Pq a grande maioria das pessoas acha que quem não tem filhos é uma pessoa muito amarga. Amarga eu serei se eu TIVER um filho, pq eu não quero isso para mim. Incrível como quem não quer filhos é sempre julgado como cheio de problemas, imperfeito, amargo, cruel, ruim... olhem para dentro de suas famílias, procurem pessoas ruins, amargas, problemáticas, e vejam se elas não têm filhos. Se tiverem, parem de incomodar quem não tem.

Deixem-me escolher.



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Se eu não existisse...







Uma das coisas que eu acho mais graça é quando me perguntam a razão de eu não querer filhos. Geralmente eu respondo que é pq eu não quero. Já cheguei a ouvir “ahh, mas e se sua mãe pensasse como vc?”.

Isso é interessante, pq se minha mãe desse pro meu pai um dia antes, ou um dia depois, ou até mesmo no mês seguinte, euzinha não existiria. Seria outra pessoa em meu lugar.

Eu sou a junção do óvulo de minha mãe com o espermatozóide do meu pai (óbvio!). Se eles tivessem feito sexo na próxima ovulação da minha mãe, ou na anterior, já não seria o mesmo óvulo, e nem os mesmos espermatozóides. Eu não existiria.

Mas enfim, e se eu não existisse? Qual o grande problema em não existir? No que a não existência pode chegar a incomodar as pessoas à ponto de se preocuparem com o meu não-filho e responderem com uma agressividade velada dizendo que minha mãe poderia pensar como eu.

A não existência pode ser de duas formas. Não nascer, e morrer. Um ser que não nasceu e um que morreu não existem.

Só que se eu morresse, não apagaria a minha existência anterior. Pq eu vivi uma vida, eu criei, eu produzi, fiz amigos, sofri, amei e fui amada, deixei lembranças. Um ser que não nasceu não criou nada disso, não viveu; também não sofreu. E não vejo nada de dolorido na não-existência sem ter nascido.

Se minha mãe tivesse pensado como eu... talvez hoje ela seria feliz também, com outros propósitos, e eu não teria nascido. Simples assim.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O motivo de tudo isso...


Não nasci pra ser mãe.

Apesar de ter um útero funcional, e as pessoas acharem que eu tenho algum problema nele, decidi não usá-lo.

Não sei qual a dificuldade das pessoas em geral entenderem sobre essa minha decisão. Descobri que não estou sozinha nesta vida, quando encontrei a comunidade Eu não quero ter filhos no orkut.

Não me sinto um forno de bebês. Nunca me senti. Nunca achei que um dia teria filhos, nunca me imaginei mãe.

Não me imagino em meio à fraldas limpas e sujas, chupetas, berços, peitos machucados e doloridos, sem dormir, mamadeiras, mais fraldas sujas... além do choro, das golfadas, das manhas, das doencinhas... não imagino e nem quero isso pra mim.

Este espaço é pra deixar registrado o que eu penso sobre tudo isso, sobre os filhos que não terei...