terça-feira, 18 de setembro de 2012


"Mas vc não tem filho!!!!!!!"

Bom, tem gente que acha que pq eu não tenho filho, posso passar por situações que outras pessoas não passariam.

Por exemplo:

- quem não tem filho não precisa receber salário no dia, ou podemos ganhar pouco. Já começa pq somos menos "valorizados". Dá algum problema com o salário, a frase que se ouve é "ahh mas pelo menos é só vc e seu marido, vcs não têm filhos". Si
m, não temos filhos, mas temos CONTAS. Se a mágica da não-maternidade me privasse das minhas contas, eu estaria feliz e trabalharia por menos sem reclamar. Mas a vida NÃO é comercial de margarina. Então acho justo que o MEU TRABALHO seja tão valorizado quanto o dos que têm filhos.

- quem não tem filho pode mudar sua rotina sempre. Vc está feliz da vida pq não tem nada pra fazer à tarde de um belo dia, e chega alguém achando que vc pode parar TUDO o que vc está fazendo pra SERVIR a pessoa que tem filho. Seja pra qualquer coisa. Mas vc DEVE parar, pq afinal, vc não tem NADA pra fazer. Lógico que não, eu ESCOLHI não ter filhos também por isso. Não preciso fazer as coisas pelos outros, só pq eu tenho tempo. Eu tenho pq EU ME DEI tempo. Eu ESCOLHI ter tempo. E escolho o que eu quero fazer com esse tempo.

- quem não tem filho e tem carro pode ser chamado a qualquer hora pra servir de ambulância, até mesmo pra quem vai ter um filho. Claro que quando meu marido tinha carro, ele socorria as pessoas. Mas tinha gente que abusava também. E por não termos filho, todo mundo achava que a gente não tinha hora pra nada. A pessoa vai ter filho, passa 9 meses esperando o parto, e resolve as coisas correndo, sem planejar o que pode acontecer na hora de parir? E a gente, que trabalha, acorda cedo, almoça e janta, tem que estar à postos pra servir? (por isso que não temos carro e não vamos ter tão cedo. Eu não tenho problemas com NÃOs, mas o marido não sabe falar não pra ninguém ¬¬).

Então, da próxima vez que se deparar com alguém que não tem filhos, não pense que ela pode ser uma serviçal, ou que ela não tenha rotina. Ela só é diferente da maioria dos pais e mães, e acredite, essa pessoa NÃO vai gostar de mudar sua rotina ou ganhar menos só pra agradar...

Pois é, quem vai cuidar de mim na velhice?

A questão é: quem cuida de mim AGORA?

Tenho minha mãe, que mora longe, e não "cuida" de mim. Ela não será eterna, e aprendi a me virar antes que isso fosse feito na marra.

Minhas irmãs têm seus filhos, não posso contar com elas. Nem quero, afinal, elas formaram as famílias delas, assim como eu formei a minha. Não é justo.

Meu marido... nós nos apoiamo
s, não CUIDAMOS um do outro. Posso contar com ele, mas tenho que pensar no futuro.

Nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Não sei como será o meu "fim", mas vou cuidar de mim até que ele chegue. Mesmo pq filho não é garantia de nada, afinal, asilo existe pra que mesmo?

Acho mais fácil EU me preocupar com a MINHA vida, do que deixar que outras pessoas se preocupem com ela. Se bem que tem tanta gente preocupada com isso, que acho que vou ter vários pra cuidar de mim em qualquer tempo que seja.






Toda mulher nasceu para...

"Toda mulher nasceu pra ser mãe".

Podemos tirar algumas conclusões dessa frase:

- Homem não serve pra nada. Ninguém nunca lembra dos pais. Homem NÃO PRECISA ser pai, mas toda mulher precisa ser mãe. Precisa saber o que é o amor. Precisa se tornar uma pessoa melhor. Precisa de alguém para cuidar dela na velhice. 

- Mulher tem filho por cissiparidade, bipartição. Homem nunca é lembrado, só a mulher tem a felicidade de ser mãe. Homem não precisa ser pai. Aliás, poucos são cobrados disso mesmo, não é? 

- Homem produz, mulher produz filhos. O homem produz durante a vida. Compra carro, casa, trabalha, coitadinho, chega cansado em casa e tem o direito de descansar. Já a mulher, faz tudo isso, e ainda trabalha em casa. Quando prefere se dedicar aos filhos e ficar em casa, diz-se que ela não faz nada (como se ficar em casa fosse ficar de pernas para o ar). Se a mulher produzir filho, ela é uma santa. Se ela escolher não ter, é uma "arvre seca".





Tem algo de muito errado por aí.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Como sentir falta do que não se tem?


Ter filhos é uma escolha. Vamos pensar somente na pessoa que usou a sua escolha para TER um filho. Descartam-se os “acidentes” (embora a minha concepção de “acidente” seja muito mais restrita do que realmente se propaga), e os casos pensados por vingança ou tentativa de “união”. Vamos pensar em uma “escolha do mundo de moranguinho”, para que se tenha o mínimo de influência externa possível.

Deve-se pensar em tudo o que implica essa escolha. Não é simplesmente ter um filho pq as pessoas cobram, ou pq vai-se ter alguém para cuidar na velhice, ou pq se acredita que HOJE a condição financeira permite.

Pois bem, a criança nasce. Primeiros dias são tranquilos, e a criança pouco chora. Tem-se a impressão de que as crianças “dos outros” são pirracentas, e que o próprio filho é um doce e nunca vai dar trabalho. O ser humano tem uma dificuldade enorme de projetar futuros, acredita que “futuro próximo” é coisa de uma semana. De repente, o bebê começa a chorar. E os pais não sabem o que fazer.

Os órgãos do bebê ainda não estão totalmente formados, e a adaptação do aparelho digestório do bebê ao novo alimento é complicada. Muitas cólicas, muito choro, muitas noites sem dormir, além dos dias também. Nesse ponto, o pai já voltou a trabalhar e a mãe se vê sozinha pra cuidar de um ser que ela não conhece. O desgaste psicológico é grande, e a cobrança também. Muita gente acha que só pq a pobre está cuidando da criança, não faz mais nada durante o dia todo. Como se cuidar de um bebê fosse dar o peito duas vezes por dia, e trocar a fralda fosse a coisa mais rápida do mundo! No resto do tempo, ela PODE cuidar da casa, fazer comida para ela, lavar as roupas dela, do bebê e do marido, tomar um banho tranquilamente, fazer as unhas, cuidar do cabelo. E sozinha. Sem ninguém para conversar e até mesmo reclamar, pois além de tudo, reclamar seria assinar o atestado de péssima mãe. Se todas as mães do mundo adoram cuidar de suas crias, pq ELA seria diferente e estaria cansada com isso. Mãe horrorosa, tem que amar o filho acima de qualquer coisa e NUNCA reclamar! Tem que AMAR essa nova condição.

Estamos ainda nos primeiros meses de vida da criança. O desgaste é enorme, tudo é feito em função do bebê. Seus horários são em função das mamadas e trocas de fraldas dele. Você pode fazer alguma coisa quando ele dorme, mas sempre de olho na criança.

O tempo vai passando e a pessoa não tem mais vida própria. Tudo continua em função do bebê. Enquanto o pai continua sua vida normal fora de casa, vendo gente, conversando com pessoas, distraindo a cabeça, a mãe fica enfurnada dentro de casa com uma pessoinha muito amada, mas que quase não interage. Por mais que se ame aquele bebê, ele não conversa, ele não ouve, ele só sorri de vez em quando.

Sair sozinha com um bebê de colo é complicado. O carrinho é um trambolho, e ainda tem a mala que tem que levar. Muitas mães desistem de sair de casa por conta do trabalho que dá. Mas a mãe PRECISA interagir com pessoas que não são seus próprios pais e sogros, cheios de cobranças e exigências (principalmente de sogros. Mãe de homem realmente inferniza a mulher pq ela se sente mais mãe da criança do que a própria mãe! Mas isso é outro assunto).

Aí começa a anulação. A mãe se anula cada vez mais em função da criança. Na realidade, é em função dela mesma. A solidão é dela, não foi a criança que provocou. Foi a escolha dela que provocou isso. É a maneira que a mãe lida com a situação que trouxe a anulação para ela.

A criança cresce e “criar” somente não é suficiente. Criamos cães, gatos, criamos animais. Uma criança precisa de EDUCAÇÃO, não somente de alimento. A educação tem duas “frentes”: conhecimento, que é fornecido nas escolas, e FORMAÇÃO, que é passada pelos pais. Isso, talvez, seja o maior desafio que existe ao educar um filho. Pois é um ensinamento diário, que não se finaliza tão cedo. Valores, limites e consequências só podem ser passados pela família. Dificilmente alguém de fora conseguirá influenciar na formação de um ser.

Tenho visto o sofrimento de amigas e da minha irmã com seus bebês. Por mais que as pessoas tentem enfiar na minha cabeça que apesar de todo esse sofrimento, ter um filho compensa, não me sinto preparada para enfrentar esse sofrimento. Prefiro aprender com a experiência delas e não sofrer dessa forma.

“Ahh mas não existe amor maior que o amor por um filho”. Acredito. Mas se eu não tenho, não tenho do que sentir falta. Só se sente falta do que se tem. Se esse amor for me anular, e se eu tiver que sofrer tudo isso para “me descobrir”, prefiro não sentir esse amor. Principalmente pq para mim, amor não implica em sofrimento. Se sofre, não é amor.

Minha escolha é não sofrer.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A vida é feita de escolhas...








Eu escolho a roupa que vou sair de casa, ou até mesmo a que vou ficar em casa. Escolho presentes para minha família, para meu marido, para mim mesma. Escolho a cor do carro, escolho a melhor forma de pagar...

Escolho a minha carreira, escolho a profissão que terei para o resto da minha vida.  Escolho onde eu quero gastar meu dinheiro.

Pq então eu não tenho direito de escolher se quero ter um filho ou não? Nesse caso, eu escolhi que não quero filhos. E sou criticada por isso.

As pessoas parecem que não estão preparadas para lidar com escolhas diferentes das delas. Acham que a sua própria escolha deve se estender a todos, incrível alguém não pensar como elas. Isso está errado, não pode.

“Vc tem algum problema?”, perguntado ou muitas vezes afirmado. Tenho sim, sabe o que é? Eu tenho uma casa em tal cidade, que quero vender, mas até agora ninguém se interessou, sabia? Ahh e sabe fulana lá do meu serviço?

“Não, não, vc tem algum problema para engravidar?”. Errr... não, não tenho.

“Então vc não gosta de crianças”, olhando para mim com aquela cara de sou um monstro torturador de criancinhas indefesas. Bom, não, eu até gosto de crianças, mas não quero uma para mim...

E a pessoa se afasta, como se eu fosse uma assassina cruel. E em série. De crianças. Inclusive de bebês.

Não sei qual a razão das pessoas acharem que podem influenciar na escolha dos outros. Se os filhos fizeram bem a elas, ótimo. Mas filho não é como um remédio, que faz bem para um, então pode fazer bem para mim também. Filho é muito mais sério que isso. E não é garantia de nada.

A questão nem é ter direito ou não, é a invasão. “Mas todo mundo tem”. Tudo bem, todo mundo tem braços também, algumas pessoas não têm, pq não vão encher o saco de alguém que não tem braços? “Olha, ter braços é muito bom”. Isso soa cruel, não soa? Ou então, pq não vão encher o saco de alguém que não tem carro? “Ahh, mas carro é bem material”. E filho? Não é gerado muitas vezes por pedidos de terceiros, ou para agradar alguém (família, marido, esposa, sociedade), ou para se vingar de alguém, ou para cuidar na velhice, ou para doar um órgão (sim, isso já foi falado), ou para não se sentir sozinho, ou pq filhos nos tornam pessoas melhores...

Pq nos tornam pessoas melhores... Um filho não terá essa capacidade. Quem não presta, não melhora por conta de um filho; reportagens sobre pais que matam seus próprios filhos pipocam em jornais e TVs. Aliás, qualquer uma dessas razões para ter filhos é um ato de egoísmo. É jogar um fardo sobre o ser humano que ainda nem nasceu, é delegar uma responsabilidade que não se sabe se aquele ser vai querer arcar com ela.

Deixem-me escolher. Deixem-me em paz com minhas escolhas. Mesmo pq, se EU escolher, ninguém vai vir perguntar se eu preciso de algo. Ninguém vai me ajudar, pq depois que a pessoa escolhe que vai ter filho, aí é problema só dela. “Abriu as pernas pra que? Se vc não queria, era só evitar!”. Mas KCT, EU NÃO QUERIA!

Depois que se escolhe TER um filho, não tem mais volta. E se vc decide que NÃO vai ter, ninguém acredita. Ou então, acha que vc é um monstro. Pq a grande maioria das pessoas acha que quem não tem filhos é uma pessoa muito amarga. Amarga eu serei se eu TIVER um filho, pq eu não quero isso para mim. Incrível como quem não quer filhos é sempre julgado como cheio de problemas, imperfeito, amargo, cruel, ruim... olhem para dentro de suas famílias, procurem pessoas ruins, amargas, problemáticas, e vejam se elas não têm filhos. Se tiverem, parem de incomodar quem não tem.

Deixem-me escolher.



quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Se eu não existisse...







Uma das coisas que eu acho mais graça é quando me perguntam a razão de eu não querer filhos. Geralmente eu respondo que é pq eu não quero. Já cheguei a ouvir “ahh, mas e se sua mãe pensasse como vc?”.

Isso é interessante, pq se minha mãe desse pro meu pai um dia antes, ou um dia depois, ou até mesmo no mês seguinte, euzinha não existiria. Seria outra pessoa em meu lugar.

Eu sou a junção do óvulo de minha mãe com o espermatozóide do meu pai (óbvio!). Se eles tivessem feito sexo na próxima ovulação da minha mãe, ou na anterior, já não seria o mesmo óvulo, e nem os mesmos espermatozóides. Eu não existiria.

Mas enfim, e se eu não existisse? Qual o grande problema em não existir? No que a não existência pode chegar a incomodar as pessoas à ponto de se preocuparem com o meu não-filho e responderem com uma agressividade velada dizendo que minha mãe poderia pensar como eu.

A não existência pode ser de duas formas. Não nascer, e morrer. Um ser que não nasceu e um que morreu não existem.

Só que se eu morresse, não apagaria a minha existência anterior. Pq eu vivi uma vida, eu criei, eu produzi, fiz amigos, sofri, amei e fui amada, deixei lembranças. Um ser que não nasceu não criou nada disso, não viveu; também não sofreu. E não vejo nada de dolorido na não-existência sem ter nascido.

Se minha mãe tivesse pensado como eu... talvez hoje ela seria feliz também, com outros propósitos, e eu não teria nascido. Simples assim.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O motivo de tudo isso...


Não nasci pra ser mãe.

Apesar de ter um útero funcional, e as pessoas acharem que eu tenho algum problema nele, decidi não usá-lo.

Não sei qual a dificuldade das pessoas em geral entenderem sobre essa minha decisão. Descobri que não estou sozinha nesta vida, quando encontrei a comunidade Eu não quero ter filhos no orkut.

Não me sinto um forno de bebês. Nunca me senti. Nunca achei que um dia teria filhos, nunca me imaginei mãe.

Não me imagino em meio à fraldas limpas e sujas, chupetas, berços, peitos machucados e doloridos, sem dormir, mamadeiras, mais fraldas sujas... além do choro, das golfadas, das manhas, das doencinhas... não imagino e nem quero isso pra mim.

Este espaço é pra deixar registrado o que eu penso sobre tudo isso, sobre os filhos que não terei...