Uma das coisas que eu acho mais graça é quando me perguntam a razão de eu não querer filhos. Geralmente eu respondo que é pq eu não quero. Já cheguei a ouvir “ahh, mas e se sua mãe pensasse como vc?”.
Isso é interessante, pq se minha mãe desse pro meu pai um dia antes, ou um dia depois, ou até mesmo no mês seguinte, euzinha não existiria. Seria outra pessoa em meu lugar.
Eu sou a junção do óvulo de minha mãe com o espermatozóide do meu pai (óbvio!). Se eles tivessem feito sexo na próxima ovulação da minha mãe, ou na anterior, já não seria o mesmo óvulo, e nem os mesmos espermatozóides. Eu não existiria.
Mas enfim, e se eu não existisse? Qual o grande problema em não existir? No que a não existência pode chegar a incomodar as pessoas à ponto de se preocuparem com o meu não-filho e responderem com uma agressividade velada dizendo que minha mãe poderia pensar como eu.
A não existência pode ser de duas formas. Não nascer, e morrer. Um ser que não nasceu e um que morreu não existem.
Só que se eu morresse, não apagaria a minha existência anterior. Pq eu vivi uma vida, eu criei, eu produzi, fiz amigos, sofri, amei e fui amada, deixei lembranças. Um ser que não nasceu não criou nada disso, não viveu; também não sofreu. E não vejo nada de dolorido na não-existência sem ter nascido.
Se minha mãe tivesse pensado como eu... talvez hoje ela seria feliz também, com outros propósitos, e eu não teria nascido. Simples assim.
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